quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Orkut: o gigante adormecido que precisa acordar

Apresentado ao mundo em janeiro de 2004, antes mesmo do lançamento do Facebook, o orkut (com letra minúscula), desenvolvido internamente durante os 20% de tempo livre do Engenheiro de Software Orkut Büyükkökten, pretendia ser um dos tentáculos da empresa de Mountain View no ambiente das redes sociais.
Liberado através de convites, a rede social do Google prendia o internauta através de sua exclusividade, oferecendo acesso fácil às informações dos amigos e familiares, além de oferecer uma interface intuitiva e recursos sociais, como recados, fotos, comunidades, fãs e estrelas de avaliação.
Embora não tenha tido um início explosivo, as datas de criação mostram que o Facebook teria se baseado no Orkut para definir sua estratégia quanto a liberação de convites. Desta forma, mesmo que não confirmado, é possível imaginar que Mark Zuckerberg tenha conhecido o produto antes de lançar sua própria rede.
Seu crescimento, porém, não conseguiu superar as tendências do mercado, principalmente dentro dos Estados Unidos. No Brasil, por outro lado, a empolgação dos usuários empurrava a demografia da rede social para longe de sua origem, tornando o serviço praticamente nacional.
Em uma entrevista em 2009, Marissa Mayer, na época vice-presidente de Pesquisa de Produtos e Desempenho dos Usuários no Google, tentou oferecer uma explicação alternativa e diferente para o acontecimento ao afirmar que o fuso-horário teria sido o fator responsável.
“Os brasileiros e indianos acessavam a internet massivamente em um horário diferente ao dos países mais desenvolvidos, o que fez com que o Orkut oferecesse uma experiência mais satisfatória aos usuários de países onde o tráfego é concentrado em outros períodos”, explicou Luciana Couto, editora do Google Discovery.
Outras explicações também vieram preenchidas de muitas informações desencontradas, como a rede social da Yakult (empresa que fabrica leite fermentado e muito popular no Brasil) e, em outros casos mais extremos, a suposta compra do Google pelo Orkut, o que teria sido praticado para melhorar a busca interna, e responsável pela integração da Google Account.
Com o crescimento dos concorrentes, tanto em usuários, quanto de funcionalidades, o Orkut demonstrou não conseguir superar de imediato as novas realidades do mercado, e tem mostrado, em alguns casos, um delay que colabora negativamente para uma migração da sua base de usuários para outros serviços.
Entretanto, não é possível deixar de destacar a grande evolução promovida pelos círculos sociais, uma forma de agrupar os membros e tentar levar, à web, um formato mais próximo das amizades que temos em nosso dia a dia. Não é à toa que o recurso acabou também sendo assumido pelo Facebook poucos meses depois.
Desde 2008, quando o Facebook assumiu a liderança das redes sociais, muito se discute sobre o futuro social no Brasil. Estaria o Orkut em declínio? O Google Brasil, em diversas oportunidades, negou que uma tendência de queda esteja ocorrendo por aqui. Hoje, o Orkut continua a se expandir, sendo alimentado principalmente com o crescimento natural da internet brasileira.
Mesmo com a chegada do Facebook e Twitter, a rede social que promoveu a maior inclusão digital, ainda desfruta de uma liderança sem comparações. Seu impacto chega a 82% da população online, e a tendência de crescimento é favorável. O Orkut se mantém, há vários anos, como o maior site do Brasil.
Alguns números recentes e exclusivos do Orkut que foram obtidos por esta coluna:
  • 200 milhões de fotos enviadas*
  • 6,6 bilhões de fotos vistas*
  • 100 milhões de novas amizades feitas*
  • 550 milhões de recados deixados*
  • 16 milhões de perfis utilizam algum tema
  • 85 milhões de usuários ativos
  • Lucrativo desde novembro de 2009
*por semana
Para não deixar toda esta conquista se perder em vão, o Google Brasil anunciou diversas iniciativas que tentam recuperar e renovar a marca da rede social, trazendo o Orkut para mais próximo das empresas, um fator que vinha sendo perdido para o Facebook.
Entre os anúncios recentes, a empresa demonstrou que pretende renovar as comunidades, dando um toque mais interativo, e possibilitar que empresas possam personalizar o layout e endereço, de modo que o público seja impactado de forma mais efetiva. As primeiras empresas a testar as novidades foram a Warner e a Nike.
Entretanto, o Orkut necessita de mudanças mais drásticas, como a reconquista de seus próprios usuários. Uma verdadeira reforma na arquitetura social diminuiria rapidamente as diferenças junto às redes mais populares, tornando o Orkut um player mais competitivo.
Para chegar neste patamar, é preciso, por exemplo, que o Google invista principalmente em melhores APIs, tornando a plataforma mais aberta, e, claro, o desenvolvimento de uma aprimorada interface móvel, incluindo aplicativos para Android e iOS que ofereçam recursos realmente facilitadores (atualmente a App do Orkut é somente um atalho, e a visualização das informações é limitada ao perfil).

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